sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Eutanásia

Este é um desabafo pessoal. É que às vezes não dá para calar frente ao que vemos e ouvimos.
É impressionante a que ponto pode chegar a insensibilidade de algumas pessoas. Vez ou outra nos deparamos com proprietários que trazem o animal não para consulta, mas para ser eutanasiado. Assim mesmo, direto e sem rodeios. Muitos já chegam supondo diagnóstico e prognóstico.
Decidir realizar este procedimento não é uma tarefa fácil. Pessoalmente, só realizo uma eutanásia em caso de doença terminal, quando TODAS as possibilidades de tratamento forem esgotadas e levando em consideração as condições e a disposição do proprietário em dar uma sobrevida digna àquele animal.
O paciente precisa estar em uma condição na qual não há mais como reverter as lesões existentes e a dor e o sofrimento não respondam mais à medicação. Em geral são pacientes em choque, prostrados, idosos, com sinais neurológicos, neoplasias malignas, inconsciência, emaciação, anorexia, paresia de membros etc.


Existem critérios a ser levados em consideração para a realização da eutanásia, entre eles:

1) diagnóstico da doença, baseado nos resultados de EXAMES laboratoriais;
2) impossibilidade de retomar a qualidade de vida, mesmo utilizando todos os protocolos terapêuticos e cirúrgicos;
3) avaliação física do estado mental (se há coma ou estupor);
2) impossibilidade real dos proprietários custearem os procedimentos necessários.

O que me revolta é ver que há proprietários que não sabem o que o animal tem e simplesmente não querem tratá-los. Alguns ainda são mal-educados quando respondemos que não se faz eutanásia sem exames que a indiquem!!! Querem que simplesmente olhemos para o animal e digamos: é...não tem jeito...tem que sacrificar.

Às vezes os donos fazem isso por achar que o animal é velho demais; às vezes porque o bichinho está por demais debilitado...mas não há desculpa.

Há casos em que os proprietários, mesmo tendo condições financeiras, optam pela eutanásia. O animal está acordado, se alimentando, respondendo aos chamados, urina e defeca normalmente, mas só porque já está velho ou tem uma grave infecção (tratável), tem sua sentença de morte assinada. Em outras palavras: esse tipo de proprietário não quer ter o mínimo de trabalho e recorre à eutanásia como uma forma de se livrar de um “problema”, para não gastar “à toa”, entre outros motivos vergonhosos.

A eutanásia em pacientes com doenças terminais deve ser uma decisão mútua entre proprietários e o veterinário, um acordo em que haja respeito e consideração entre ambos e de ambos para com o animal.

Não sei...pode até haver profissionais que realizem tal procedimento sem a análise necessária, sem o bom senso exigido e sem o respeito devido ao paciente. Eu, particularmente, não estudo todos os dias para isso. Nunca fiz juramento para matar, mas sim para salvar. 

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