sábado, 30 de abril de 2011

Obesidade em cães e gatos

Um dos maiores erros cometidos por quem possui animais é achar que eles são gente e tratá-los como tal. Por um lado, desenvolve-se uma relação afetiva muito próxima; mas, por outro lado, eles acabam sofrendo as conseqüências do estilo de vida e dos hábitos alimentares errados que muitos de nós humanos apresentamos.
http://oriundi.net/site/oriundi.php?menu=noticiasdet&id=11451

Muitos proprietários dão alimentos inadequados por achar bonitinho ou “diferente”. É aquela história do “Ai que engraçadinho o Dudu tomando sorvete!!”. Outros acreditam que, ao dar uma guloseima para seu bichinho, estão reforçando a relação afetiva que os envolve. Ledo engano! Cães e gatos não pensam assim. Nós é que pensamos.
Entendo que é difícil para quem ama seu animal, deixar de mimá-lo com esses petiscos. Um cãozinho “fofo” pode até ser bonitinho, porém, essa fofura toda pode esconder sérios problemas de saúde que, cedo ou tarde, trarão danos irreversíveis.

Causas
Ao centro: cadela obesa carregada pela proprietária
.
A principal causa de obesidade nos animais é, sem dúvida, a superalimentação. Assim como ocorre nos humanos, cães e gatos obesos consomem muita energia e não gastam quase nada. Se o seu animal passa o dia inteiro deitado e não se movimenta, não caminha nem brinca, ele deve receber muito pouco alimento. Ora, se o bicho só come e não gasta nada, qualquer excesso só pode ficar ali, armazenado na forma de gordura.  
O balanço entre o que o animal come e o que ele gasta deve ser neutro, ou seja: ele deve receber uma quantidade de calorias equivalente à que ele queima. A energia fornecida na dieta deve ser suficiente apenas para suprir as necessidades fisiológicas e atividades físicas do indivíduo.
Alguns cães e gatos também podem ser obesos por causas hormonais ou ainda por estresse (ansiedade), que pode ser devido à falta de atividade física, solidão e até por carência. Tais eventos podem levar o animal a consumir alimento em excesso como forma de aliviar a tensão.

Complicações
A obesidade precisa ser encarada como um problema sério, pois ela pode diminuir as defesas imunológicas, predispõe à diabetes, câncer, problemas cardíacos, articulares e respiratórios, doenças de pele, disfunções reprodutivas, diminuição considerável da expectativa de vida, retardo na cicatrização de feridas, etc.
Um animal obeso que precise fazer qualquer procedimento cirúrgico terá um risco de morte muito superior a um animal saudável, tanto em relação à anestesia quanto à cirurgia em si.  Além de tudo isso, a gordura excessiva ainda dificulta a realização de alguns exames complementares na clínica veterinária.

Controle
Bons hábitos alimentares e exercícios moderados são a chave para o combate à obesidade. Caminhadas diárias são ótimas para cães. Já os gatos só precisam de 15 a 20 minutos diários de brincadeiras (jogar bolinha, usar uma caneta de laser para fazê-lo correr etc).
Quanto à alimentação, o animal pode comer ração ou seguir uma dieta caseira, desde que saudável. Na dúvida o dono do animal sempre deve seguir a orientação do médico veterinário. No caso das rações, recomendo que sigam as tabelas dos rótulos. Geralmente ninguém segue essas recomendações e acabam errando na dose, indo muito além da necessidade do animal.
NUNCA ofereça pão, massas, condimentos, frituras, queijos amarelos, doces, alimento gordos etc. Use o bom senso! Se seu médico lhe diz para evitar esses alimentos, por quê dá-los ao seu bichinho?! Faz sentido?
Para substituir os petiscos você pode oferecer pedacinhos de frutas (só evite as cítricas) e legumes como forma saudável de complementar a dieta. No site do Cachorro verde (www.cachorroverde.com.br) há várias receitas de alimentação saudável e natural para seu pet. Confira.


 Recomendações:
1-     O dono precisa entender que a obesidade é uma doença. A idéia de que o cão gordo é um cão bem tratado é coisa do passado;
2-      Nunca deixe a ração à vontade para o animal. Somente a água deve estar à disposição o dia todo. Depois que ele se alimentar, retire o comedouro. Se ele não comer, já era. Só na próxima;
3-     Deixe o cão comer sozinho. Se você ficar por perto ele pode interpretar isso como uma ameaça e comer mais rápido que deveria, o que dificulta a digestão e assimilação de nutrientes;
4-     Animais que comem rações de alta qualidade requerem uma quantidade menor de alimento. Já os que comem rações de menor qualidade, tendem a consumir uma quantidade maior, para poder absorver todos os nutrientes;
5-     Siga rigorosamente as indicações do fabricante quanto à quantidade de ração a ser fornecida; se ele comer todo aquele conteúdo, não adicione mais;
6-     Divida a quantidade total da ração ao longo do dia para que o animal tenha sempre a sensação de estar saciado. Por exemplo: em vez de dar 600g de uma só vez, dê 3 refeições de 200g;
7-     ESQUEÇA as guloseimas. Isso é o mais importante. Nada de biscoitinho, bifinho, queijo etc. Substitua-os por pedaços de frutas ou legumes;
Atenção: Biscoitinhos ou bifinhos não limpam os dentes do cão (isto é uma jogada de marketing para vender o produto). O que limpa os dentes é a ação mecânica de roer alimento seco (como a ração), mais a escovação freqüente;
8-     Não tenha dó quando seu bichinho ficar mendigando comida à mesa. Ele não precisa de mais alimento. Ignore-o. Esse é um comportamento normal, principalmente em filhotes que foram separados da mãe antes dos 2 meses de idade, quando se estabelece o aprendizado de autocontrole e gestão das frustrações;
9-     Se quer agradar seu animal, dê carinho e não comida;
10-   Encorage o animal a praticar exercícios físicos moderados e regulares. Nada de passar o dia todo deitado na rede!!!
 Se mesmo com todas essas medidas seu gordinho não perder peso, convém procurar o médico veterinário que o trata. Este poderá prescrever medicamentos e/ou florais que auxiliem na perda de peso, além de calcular uma dieta específica para seu pet.

Agora, mãos à obra! Se você também estiver acima do peso,  aproveite para adquirir novos hábitos junto com seu pet. Leve seu amiguinho ao veterinário e procure  para si um nutricionista ou um endocrinologista. Fará bem a todos.

sábado, 2 de abril de 2011

Chegou a hora do parto


Depois de dois meses de angústia, preocupação e cuidados redobrados, finalmente sua "filhota" está para ter os bebês. E agora?

Eis um belo exemplo de instinto materno
Normalmente o instinto materno é suficiente para que a cadela tenha seus filhotes sozinha; contudo, algumas mamães inexperientes podem ter dificuldades. Por isso é importante para o proprietário saber identificar os sinais de que há algo errado, para que possa procurar auxílio veterinário.
O acompanhamento médico é importante durante a gestação para identificar possíveis deficiências nutricionais da mãe ou anormalidades dos fetos. É interessante realizar exame ultrassonográfico para monitorar as condições dos bebês, sobretudo no terço final da gestação. Contudo, devemos lembrar que o ultrassom não é confiável na determinação do número de filhotes, pois pode haver sobreposição das imagens.

A gestação da cadela dura de 58 a 64 dias, enquanto a da gata pode se estender até os 70 dias. Nesse período, comece a medir a temperatura retal da gestante. No período pré-parto esta temperatura diminui para cerca de 37,6ºC. 
Normalmente a fêmea fica nervosa, perde o apetite e pode ficar raspando o chão ou procurando locais protegidos, com o objetivo de formar um ninho. Para ajudá-la, procure o local mais tranqüilo da casa e prepare uma caixa grande, acolchoada com toalhas limpas.

O trabalho de parto propriamente dito começa com a dilatação do colo do útero e com o início das contrações uterinas. 
Na cadela, dilatação completa do colo do útero demora em média 6 a 12 horas, mas pode demorar até 36 horas em mães nervosas ou que estejam em seu primeiro parto. Na gata, este processo pode ser rapido e durar apenas 1 hora, mas também pode durar 1-2 dias.

Em alguns casos, as contrações uterinas podem estar ausentes ou não ter força suficiente para expulsar os fetos. Isso pode ocorrer por deficiência de cálcio ou alguma desordem hormonal. Neste caso, o médico veterinário deve agir de acordo com o estado clínico do animal. É importante que este profissional tenha competência e conhecimento suficientes para evitar tanto o uso prematuro de medicações quanto a indicação desnecessária de uma cirurgia cesariana.

No início do parto é normal observarmos um corrimento vaginal, que pode ser translúcido a castanho, com ou sem sangue. Isto quer dizer que as placentas já estão se desprendendo e que a expulsão dos bebês, está para começar.

Na segunda fase já vemos nitidamente as contrações abdominais que acompanham cada contração uterina. A parturiente, na maioria das vezes, permanece em decúbito lateral. A presença de um veterinário nesta fase pode ser importante, sobretudo, em se tratando do primeiro parto da fêmea e se o macho que fez a cobertura for maior que ela. O vet neste caso deve avaliar se a fêmea tem abertura suficiente para dar passagem aos bebês.

A mamãe precisa de um ambiente o mais tranquilo possível. Evite ficar tumultuando o local com fotos e filmagens. Isso não ajuda em nada. Mantenha-se calmo. O seu stress facilmente se transmite à mamãe, e isso pode interromper um trabalho de parto normal.

Quando os filhotes começam a sair, vem a hora mais tensa para quem assiste ao parto. A cadela (ou gata) deve lamber vigorosamente cada neonato, rompendo as membranas que o envolvem e cortando o cordão umbilical com os dentes. Normalmente elas comem a placenta. Não se assuste.
Caso note que a fêmea não fez seu papel, intervenha. Ajude a libertar o bebê da placenta, segure-o com um pano limpo, limpe suas narinas e massageie-o vigorosamente. Isso serve para estimular a respiração nestes momentos iniciais fora do ambiente uterino. Se a mãe não romper o cordão umbilical, faça nele dois nós apertados a mais ou menos 2 centímetros da barriguinha e corte (com uma tesoura limpa e desinfetada) entre os nós. Se não tiver um fio apropriado para isso, use fio dental. Por fim, passe um pouco de povidine na extremidade pendente do cordão.

O tempo entre o nascimento entre os animais da ninhada é variável. Algumas fêmeas rapidamente expulsam todos os filhotes, outras demoram mais. Se o tempo entre as parições ultrapassar as 2,5 horas, é melhor buscar ajuda.

Não se esqueça de colocar os bebês para mamar logo após o nascimento. O colostro é de extrema importância para a sobrevivência da ninhada. Se algum filhote tem dificuldade na hora de mamar, ajude-o.

É muito prudente saber se todos os filhotes foram realmente expulsos. Como o útero fica aumentado no parto, a palpação nem sempre é precisa. Qualquer profissional competente sabe que o ideal é a realização de um raio-x para descartar a retenção fetal.

Quando procurar o veterinário?
- Se a cadela está prostrada e visivelmente doente;
-Se durante for notado algum corrimento antes do 58º dia de gestação;
-Se a gestação ultrapassa os 64 dias;
-Se a gestante teve diminuição de temperatura, está fazendo ninho e perdeu o apetite há mais de 48 horas e não mostra sinais de contrações;
-Se as contrações não se iniciarem nas 2-3 horas seguintes ao desprendimento das placentas (identificado pelo corrimento castanho-esverdeado);
-Se a fase das contrações ultrapassar 1 hora sem que haja nascimento;
-Se há contrações fracas e pouco frequentes durante mais de 4 horas, sem a expulsão de um cachorro;
-Se observar a exteriorização de alguma estrutura pela vagina por mais de 1 hora, sem que haja nascimento;

Quando recorrer à cirurgia?
A cesariana deve ser o último recurso. Não é preciso ser obstetra ou médico veterinário para saber que o parto normal é muito mais adequado e benéfico à mãe e aos filhotes do que uma cirurgia. Qualquer indivíduo de bom senso sabe disso.

Ao chegar à clínica, o veterinário avaliará o grau de dilatação vaginal, bem como a força e a freqüência das contrações. Se for possível, um exame ultrassonográfico deve ser feito para verificar o estado dos fetos. Em todo caso, podemos ter as seguintes situações:

-A utrassonografia ou o raio-x indicam que há fetos em posições anômalas: cirurgia imediata;
-Não há dilatação: cirurgia imediata;
-Há dilatação e contrações: aguarda-se o parto normal. Caso este não ocorra em 6 a 12 horas, pode-se recorrer à cirurgia;
-Há dilatação, mas as contrações são fracas ou ausentes: após avaliação criteriosa, aplica-se cálcio e/ou o hormônio adequado para estimular as contrações. Se estas não se tornarem mais evidentes em cerca de 40 a 60 minutos, faz-se uma nova aplicação. A quantidade de aplicações de hormônio vai depender do estado da cadela e da avaliação do veterinário. Eu, pessoalmente, não insisto: não havendo resposta após 3 aplicações, recomendo cesariana.

O Pós-Parto
Os cuidados não param após o parto. A expulsão dos anexos placentários deve ocorrer, para que estes não entrem em decomposição no interior do útero, o que pode causar uma grave infecção. Cabe ao médico veterinário prescrever medicamentos que auxiliem nesse processo.

Sabemos que durante o período de lactação a fêmea precisará de uma suplementação nutricional adequada, portanto, o ideal é dar-lhe ração própria para filhotes, devido ao teor mais alto em proteínas. Existem nutracêuticos de excelente qualidade próprios para esta fase da vida. Consulte seu veterinário.

Nos dias subseqüentes ao parto, o útero retorna às suas dimensões normais. Poder-se observar nesse período um corrimento vaginal que pode até ser sanguinolento. Se este não tiver mau odor ou presença de pus, está tudo bem. De qualquer forma, observe atentamente a mãe e seus filhotes. Caso note algum problema, procure o médico veterinário.

Fontes:

-Compêndio de reprodução animal. Lab. Intervet.

-Endocrinologia da gestação e parto em cadelas. da Veiga, G.A.L. ET AL.  Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.33, n.1, p.3-10, jan./mar. 2009.

-Gestação e parto em cadelas: fisiologia, diagnóstico de gestação e tratamento das distocias. Luz, M.R. ET AL. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.29, n.3/4, p.142-150, jul./dez. 2005