Um dos maiores erros cometidos por quem possui animais é achar que eles são gente e tratá-los como tal. Por um lado, desenvolve-se uma relação afetiva muito próxima; mas, por outro lado, eles acabam sofrendo as conseqüências do estilo de vida e dos hábitos alimentares errados que muitos de nós humanos apresentamos.
http://oriundi.net/site/oriundi.php?menu=noticiasdet&id=11451 |
Muitos proprietários dão alimentos inadequados por achar bonitinho ou “diferente”. É aquela história do “Ai que engraçadinho o Dudu tomando sorvete!!”. Outros acreditam que, ao dar uma guloseima para seu bichinho, estão reforçando a relação afetiva que os envolve. Ledo engano! Cães e gatos não pensam assim. Nós é que pensamos.
Entendo que é difícil para quem ama seu animal, deixar de mimá-lo com esses petiscos. Um cãozinho “fofo” pode até ser bonitinho, porém, essa fofura toda pode esconder sérios problemas de saúde que, cedo ou tarde, trarão danos irreversíveis.
Causas
Ao centro: cadela obesa carregada pela proprietária | . |
A principal causa de obesidade nos animais é, sem dúvida, a superalimentação. Assim como ocorre nos humanos, cães e gatos obesos consomem muita energia e não gastam quase nada. Se o seu animal passa o dia inteiro deitado e não se movimenta, não caminha nem brinca, ele deve receber muito pouco alimento. Ora, se o bicho só come e não gasta nada, qualquer excesso só pode ficar ali, armazenado na forma de gordura.
O balanço entre o que o animal come e o que ele gasta deve ser neutro, ou seja: ele deve receber uma quantidade de calorias equivalente à que ele queima. A energia fornecida na dieta deve ser suficiente apenas para suprir as necessidades fisiológicas e atividades físicas do indivíduo.
Alguns cães e gatos também podem ser obesos por causas hormonais ou ainda por estresse (ansiedade), que pode ser devido à falta de atividade física, solidão e até por carência. Tais eventos podem levar o animal a consumir alimento em excesso como forma de aliviar a tensão.
Complicações
A obesidade precisa ser encarada como um problema sério, pois ela pode diminuir as defesas imunológicas, predispõe à diabetes, câncer, problemas cardíacos, articulares e respiratórios, doenças de pele, disfunções reprodutivas, diminuição considerável da expectativa de vida, retardo na cicatrização de feridas, etc.
Um animal obeso que precise fazer qualquer procedimento cirúrgico terá um risco de morte muito superior a um animal saudável, tanto em relação à anestesia quanto à cirurgia em si. Além de tudo isso, a gordura excessiva ainda dificulta a realização de alguns exames complementares na clínica veterinária.
Controle
Bons hábitos alimentares e exercícios moderados são a chave para o combate à obesidade. Caminhadas diárias são ótimas para cães. Já os gatos só precisam de 15 a 20 minutos diários de brincadeiras (jogar bolinha, usar uma caneta de laser para fazê-lo correr etc).
Quanto à alimentação, o animal pode comer ração ou seguir uma dieta caseira, desde que saudável. Na dúvida o dono do animal sempre deve seguir a orientação do médico veterinário. No caso das rações, recomendo que sigam as tabelas dos rótulos. Geralmente ninguém segue essas recomendações e acabam errando na dose, indo muito além da necessidade do animal.
NUNCA ofereça pão, massas, condimentos, frituras, queijos amarelos, doces, alimento gordos etc. Use o bom senso! Se seu médico lhe diz para evitar esses alimentos, por quê dá-los ao seu bichinho?! Faz sentido?
Para substituir os petiscos você pode oferecer pedacinhos de frutas (só evite as cítricas) e legumes como forma saudável de complementar a dieta. No site do Cachorro verde (www.cachorroverde.com.br) há várias receitas de alimentação saudável e natural para seu pet. Confira.
Recomendações:
1- O dono precisa entender que a obesidade é uma doença. A idéia de que o cão gordo é um cão bem tratado é coisa do passado;
2- Nunca deixe a ração à vontade para o animal. Somente a água deve estar à disposição o dia todo. Depois que ele se alimentar, retire o comedouro. Se ele não comer, já era. Só na próxima;
3- Deixe o cão comer sozinho. Se você ficar por perto ele pode interpretar isso como uma ameaça e comer mais rápido que deveria, o que dificulta a digestão e assimilação de nutrientes;
4- Animais que comem rações de alta qualidade requerem uma quantidade menor de alimento. Já os que comem rações de menor qualidade, tendem a consumir uma quantidade maior, para poder absorver todos os nutrientes;
5- Siga rigorosamente as indicações do fabricante quanto à quantidade de ração a ser fornecida; se ele comer todo aquele conteúdo, não adicione mais;
6- Divida a quantidade total da ração ao longo do dia para que o animal tenha sempre a sensação de estar saciado. Por exemplo: em vez de dar 600g de uma só vez, dê 3 refeições de 200g;
7- ESQUEÇA as guloseimas. Isso é o mais importante. Nada de biscoitinho, bifinho, queijo etc. Substitua-os por pedaços de frutas ou legumes;
Atenção: Biscoitinhos ou bifinhos não limpam os dentes do cão (isto é uma jogada de marketing para vender o produto). O que limpa os dentes é a ação mecânica de roer alimento seco (como a ração), mais a escovação freqüente;
8- Não tenha dó quando seu bichinho ficar mendigando comida à mesa. Ele não precisa de mais alimento. Ignore-o. Esse é um comportamento normal, principalmente em filhotes que foram separados da mãe antes dos 2 meses de idade, quando se estabelece o aprendizado de autocontrole e gestão das frustrações;
9- Se quer agradar seu animal, dê carinho e não comida;
10- Encorage o animal a praticar exercícios físicos moderados e regulares. Nada de passar o dia todo deitado na rede!!!
Se mesmo com todas essas medidas seu gordinho não perder peso, convém procurar o médico veterinário que o trata. Este poderá prescrever medicamentos e/ou florais que auxiliem na perda de peso, além de calcular uma dieta específica para seu pet.
Agora, mãos à obra! Se você também estiver acima do peso, aproveite para adquirir novos hábitos junto com seu pet. Leve seu amiguinho ao veterinário e procure para si um nutricionista ou um endocrinologista. Fará bem a todos.