segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Panleucopenia felina


Esta postagem é especial para aqueles que criam dezenas de gatos no mesmo ambiente.


Também conhecida como Laringoenterite contagiosa ou Agranulocitose infecciosa felina, a Panleucopenia é a moléstia que mais traz danos à saúde dos felinos jovens. Ela se manifesta comumente em locais onde há aglomerações de gatos, como abrigos de protetores e exposições. O agente causal é o Parvovírus Felino (PVF), um vírus de DNA antigenicamente muito parecido com o parvovírus canino.


O contágio ocorre por inalação ou ingestão de gotículas de secreções provenientes de espirros, tosse e da própria respiração dos animais doentes. O vírus também pode ser eliminado nas fezes dos gatos e nem mesmo os animais que vivem presos estão fora de risco, pois nós, humanos, podemos transportar a doença via fômites (roupas, sapatos etc). Além disso, gatas prenhes transmitem a doença aos filhotes ainda na gestação.


As mortandades ocorrem por se tratar de uma doença altamente contagiosa e de facílima transmissão, sendo o vírus bastante resistente às intempéries climáticas e a desinfetantes comuns, o que lhe permite manter a virulência mesmo depois de um bom tempo fora do organismo animal.


Após um curto período de incubação (dois a sete dias), surgem subitamente sintomas de depressão, falta de apetite, vômitos e diarréia mucosa, algumas vezes com traços de sangue. A febre alta inicial dá lugar à hipotermia com o agravamento da doença. O animal assume uma postura característica, com o queixo e o esterno apoiados no chão, com as escápulas por cima da cabeça. Ulcerações na língua e orofaringe podem mimetizar achados comuns na insuficiência renal. Há anemia, palidez das mucosas e desidratação. A morte pode sobrevir de forma repentina ou após poucos dias. Gatas gestantes que contraírem o PVF podem abortar.


O diagnóstico pode ser estabelecido com base no hemograma. Geralmente observamos anemia, leucopenia (500-3000 células/dL), severa associada a trombocitopenia. Métodos mais precisos são a cromatografia, a sorologia e o isolamento viral, mas esses métodos normalmente não são uilizados porque muitas vezes o resultado demora mais que o tratamento.


Desde que instituído precocemente, o tratamento é bastante eficaz. A terapêutica consiste em medidas de suporte, como fluidoterapia para restaurar o equilíbrio eletrolítico, transfusão sanguínea nos casos mais graves, antibióticos de amplo espectro e suporte nutricional (após o controle da enterite aguda).


A prevenção é feita com a VACINAÇÃO anual dos gatos com a vacina polivalente. O ambiente onde vivem os gatos deve ser rigorosamente lavado com água sanitária.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Cinomose


A cinomose é uma grave doença infecto contagiosa que afeta os canídeos. Ela é causada por um vírus de altíssima morbidade. A ocorrência é maior em indivíduos não vacinados, principalmente os jovens ou idosos.

A contaminação se dá por contato direto entre os animais ou por gotículas expelidas pelas vias respiratórias. O paciente doente pode espirrar, contaminando o ambiente, utensílios e indivíduos que estejam por perto. Se não houver um rigoroso cuidado com higiene e assepsia, nós mesmos podemos carregar o vírus até animais sadios, que acabarão adoecendo.

Existem testes rápidos para diagnóstico da doença, mas muitas vezes os proprietários recusam-se a autorizá-los por causa do custo. Isso é lamentável, pois os custos de um tratamento às cegas podem ser muito mais altos que o exame em si, tanto para o dono quanto para o animal.

Após o cão ser infectado, há um período de incubação, ou seja, é o tempo entre a entrada do microorganismo no corpo e a manifestação dos primeiros sintomas. Esse período pode durar de 3 até 15 dias. Em seguida vem a febre alta, perda de apetite, lacrimejamento e secreção ocular e nasal. Esta fase dura pouco tempo e em seguida pode haver um período de ligeira melhora.
Geralmente aparecem sintomas envolvendo todos os principais órgãos do corpo, mormente sinais respiratórios, gastrintestinais e nervosos; ou mesmo uma junção de todos estes sinais. Pode surgir também hiperqueratose (um espessamento da pele) no nariz e nos coxins, as “almofadinhas” das patas. O animal fica prostrado, profundamente deprimido.
O vírus ataca e destrói a bainha de mielina que recobre as células nervosas. Como essa estrutura é a responsável pela transmissão dos impulsos nervosos de um neurônio a outro, os sintomas nervosos são geralmente os mais graves e indicam na maioria das vezes um estado avançado da doença. Mioclonias (espasmos musculares), que podem ser identificadas como tiques nervosos, são muito comuns. Em alguns animais desenvolve-se encefalite grave. O cão pode demonstrar até alterações comportamentais e é comum ocorrer paralisia dos músculos da face e dos membros posteriores. Contudo, é importante lembrar que as fases de acometimento de cada sistema não necessariamente se sucedem. O paciente pode ir a óbito sem desenvolver, por exemplo, os sinais nervosos.
A evolução da doença é totalmente imprevisível. Não há como saber se o animal vai sobreviver ou não; nem se a doença ocorrerá de forma rápida ou lenta. O acompanhamento deve ser intenso.

A cinomose é uma doença de difícil tratamento. Existem medicamentos para ajudar na recuperação, mas muito importante é a resistência do animal e a integridade de seu sistema de defesas. Ainda há muita controvérsia no meio científico a respeito da patogenia da doença. uma vez que a doença parece apresentar um componente auto-imune e outro não.

De qualquer forma, há tratamento. Existem medicamentos e soros hiperimunes usados com muito sucesso e cada fase da doença deve ser encarada com um tipo de terapêutica apropriada. A nutrição deve ser muito bem equilibrada. Se controlados os vômitos, o paciente deve receber uma sonda de esofagostomia, para não deixar de se alimentar.

Muitos animais que se recuperam, acabam ficando com seqüelas às vezes graves, como tremores ou paralisias. Na maioria das vezes essas seqüelas podem ser permanentes caso o animal não passe por uma fisioterapia adequada. Uma das formas mais eficientes de tratamento de seqüelas de cinomose é a ACUPUNTURA.

Vejam o vídeo da paciente Daphne, uma jovem SRD que contraiu cinomose, teve seqüelas e foi tratada com acupuntura:
A forma mais fácil de prevenir a cinomose e outras doenças graves ainda é VACINAR o seu cão nas datas certas, com vacinas de qualidade.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Giárdia

A giardíase é uma doença causada pela Giárdia lamblia, um protozoário parasita que se aloja no intestino de várias espécies animais como o homem, cães, cavalos, cabras, e algumas aves.
A transmissão ocorre por meio de alimentos ou água contaminada com fezes contendo cistos da giárdia. Esse tipo de transmissão, chamada “fecal-oral” é comum tanto em animais como em seres humanos.
Vários pesquisadores, comprovaram a existência de cistos deste protozoário no intestino de moscas, que podem disseminar o parasita. Também foi comprovada a possibilidade desse parasita ser disseminado pelas fezes de baratas domésticas.
A infecção ocorre mais frequentemente entre os animais jovens, com baixa resistência imunológica, como, por exemplo, filhotes que não receberam o leite materno (colostro) ao nascer.
Os trofozoítos de Giárdia não sobrevivem no meio ambiente. No entanto, os cistos são resistentes a alguns fatores ambientais. Eles podem sobreviver por longos períodos na água. O congelamento prolongado e as temperaturas superiores a 20ºC danificam os cistos, a ebulição os destrói instantaneamente e a dessecação e a radiação ultravioleta os inativam em 24 horas.

No intestino a giardíase causa problemas na atividade das enzimas digestivas (amilase, protease, lipase, dissacaridase). Ocorre atrofia das vilosidades das células que revestem o intestino, o que leva ao que chamamos de síndrome de má absorção, ou seja: o animal pode até comer, mas seu organismo não absorve os nutrientes. Há também um aumento na motilidade intestinal, o que justifica a diarréia intensa.

A dificuldade em se diagnosticar este parasita está no fato de que nem sempre ele aparece no exame parasitológico de fezes (quando possível, fazemos vários exames seriados). Além disso, os resultados do hemograma podem ser inconclusivos. Desta forma, para a giardíase, muitas vezes vale a máxima “A clínica é soberana”; ou seja: independentemente dos resultados laboratoriais, o que vale é a apresentação clínica do paciente. Os sinais clínicos da giardíase incluem perda de peso ou incapacidade de ganhar peso adequadamente durante o crescimento, diarréia, vômitos, falta de apetite e fezes com muco (parecendo uma gelatina). O tratamento requer antibióticos e, em alguns casos, hidratação via soro. Os microrganismos são sensíveis aos desinfetantes com amônia quaternária, lisol e cloro.

A giardíase pode ser contagiosa para seres humanos. Nós podemos pegá-las dos animais e estes podem contraí-las de nós; portanto, boas práticas sanitárias, como lavar as mãos várias vezes ao dia, são muito importantes. Se um membro da família adoecer com sinais semelhantes, um médico deverá ser consultado.

Algumas medidas simples podem ajudar a manter a Giardia lamblia longe de você, de suas crianças e de seus animais :
-Evite o contato com animais infectados;
-Evite a ingestão de água e alimentos contaminados. Lave-os muito bem;
-Caso seu cão adoeça, destrua ou remova os cistos infectantes do ambiente através de uma boa limpeza;
-Tratar os animais infectados;
-Boa higiene geral;
-Usar VACINAS para prevenir a enfermidade.